No Ministério do Desenvolvimento
Agrário, o ministro Pepe Vargas, em audiência na última terça-feira (12)
fez anúncios para a pauta da agricultura familiar. Na ocasião, a
direção executiva da FETRAF teceu duras críticas à condução do processo
de negociação da VIII Jornada Nacional de Lutas.
Além dos R$ 18 bilhões que serão
destinados ao Plano Safra da Agricultura Familiar 2012/2013, o governo
ampliou o limite de financiamento Pronaf Agroindustria de R$500 mil para
R$ 1 milhão; do Pronaf Jovem de R$12 mil para R$ 15 mil e; o
descontingenciou os recursos de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ATER) na modalidade Sustentabilidade – que abrange 170 mil famílias
(sendo 50 mil famílias com produção orgânica e agroecológica) e para a
juventude, o crédito articulado para atendimento de cinco mil jovens no
Nordeste.
Nos anúncios, está incluso também a
criação de um Grupo de Trabalho para estudar o enquadramento de renda
(rendas agrícolas e não agrícolas).
Durante a audiência, ao considerar os
avanços e conquistas em políticas públicas ede fortalecimento da
agricultura familiar nos últimos anos, a direção da FETRAF pontuou uma
série de situações que dificultaram o processo de negociação da Jornada e
fez duras críticas ao tratamento dado pelo governo.
Elisângela Araújo, coordenadora Geral da
FETRAF-BRASIL caracterizou como complicada as negociações neste ano e
observou que “embora a categoria tenha o reconhecimento e esteja em
curso um conjunto de políticas públicas para fortalecer a agricultura
familiar brasileira – o qual a FETRAF é partícipe da construção – as
demandas da categoria aumentaram”.
“Hoje a necessidade do Brasil nesse
setor econômico e importante para o meio ambiente não pode ser
simplesmente tratado pelo governo com uma medida aqui e outra ali, com
num sistema que não pensa uma estruturação mais relevante, um
investimento maior”, disse a coordenadora.
Nesse sentido, a tratativa do Ministério
do Trabalho e Emprego (TEM), que ainda não recebeu a FETRAF para
discutir a concessão do registro sindical; a impossibilidade de debater a
questão fundiária juntamente com o centro de governo (Ministério da
Fazenda) foram motivos de indignação por parte da direção da FETRAF.
É inaceitável. Nesses anos todos que a
FETRAF faz mobilização até agora não conseguimos marcar uma audiência
com o MTE. Como pode o ano todo nos reunirmos, discutirmos o assunto e o
reconhecimento dos nossos sindicatos e o processo de enquadramento da
categoria não acontecer. E até agora nenhuma satisfação por parte do
ministério para nos receber”, desabafou Elisângela.
No que se refere ao tema insumo água, a
entidade propôs uma audiência interministerial com o Desenvolvimento
Agrário, Desenvolvimento Social e Integração Nacional para tentar
resolver a questão da estiagem que assola o Nordeste e Sul do país, mas
até hoje apenas uma audiência com o secretário Executivo da Integração
ocorreu e, para apresentar o ministério, nenhuma ação efetiva.
Questão ambiental
Outro ponto importante tratado durante a
audiência e alvo de críticas foi a questão ambiental. A FETRAF, que
participou das discussões sobre o Código Florestal com o Ministério do
Meio Ambiente cobrou uma posição da ministra Isabela Teixeira para
discutir o andamento das políticas públicas para o setor.
“As discussões se arrastam há quase dois
anos sobre o Código. Acertou-se posições e nesse tempo, ainda não se
chegou a lugar nenhum. Nós precisamos que o nosso povo entenda e
compreenda o que se passa com essa política. Mas e a questão do
licenciamento ambiental dos nossos assentamentos, cadê o Mais Ambiente a
educação ambiental? Nada. Nenhuma discussão para apontar horizonte com o
MMA nós tivemos”, esclareceu Elisângela.
Unidade na Luta
Ao explicar o objetivo da FETRAF, que
nesta Jornada de Lutas apresentou um processo de negociação a ser
realizado em blocos e com ministérios de áreas a fins, Marcos Rochinski,
secretário Geral da entidade disse que a ideia consistia em “romper com
essa lógica de lista de supermercado e elencar quatro temas que
queríamos tratar com prioridade para a partir dele resolver outros
pontos”, o que não aconteceu.
“Metodologicamente vocês [governo]
deveriam analisar o que propomos porque ele é um modelo que pode ser
tratado em unidade com outros movimentos”, observou o secretário.
Pepe disse que todos os pontos de
descontentamento colocados são de responsabilidade não de um ou outro
ministério, mas de todo o governo. De acordo com ele, se “os movimentos
vem de conjunto a pauta tem mais força.
“Se todos apresentassem uma pauta comum e
o governo tivesse uns 60 dias para trabalhar o tema e depois a
presidenta apresentasse, anunciasse as medidas aos agricultores
familiares assentados da reforma agrária, etc., conseguiríamos avançar
ainda mais”.
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