sábado, 28 de julho de 2012

Falta milho da Conab para os produtores rurais no Estado

28.07.2012

Devido à greve de transportadoras e o envio de grãos para o Centro-Sul do País, o Ceará ficou sem estoque
Iguatu
Produtores rurais no Interior do Ceará reclamam da demora para aquisição de milho do Programa de Vendas em Balcão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em decorrência da seca, a demanda pelo grão aumentou em cerca de 300% e os armazéns da Conab enfrentam obstáculos operacionais para atender a clientela. A situação agravou-se há cerca de 10 dias porque houve descontinuidade do programa. Os estoques acabaram nas unidades e a greve dos caminhoneiros atrasou a entrega de novas remessas para a região Nordeste. Atualmente, os armazéns estão vazios no Estado.

O milho vendido pelo Programa de Vendas em Balcão da Conab, com preços abaixo do mercado, foi insuficiente para a crescente demanda FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Os criadores de aves, bovinos, ovinos e suínos necessitam de milho para alimentar o rebanho. O setor agropecuário enfrenta neste ano uma grave crise por causa da seca que se abateu sobre o Estado. Resultado: a demanda pelo grão cresceu consideravelmente. Neste mês, a Conab no Ceará começou a operacionalizar o programa especial em caráter emergencial com preços diferenciados para atender os produtores rurais cadastrados na Agência de Desenvolvimento Agropecuário (Adagri) e na Conab.

Na cidade de Iguatu, que é polo de distribuição de milho para nove Municípios da Região Centro-Sul, são atendidos, em média, 50 produtores por dia, mediante distribuição de senha. "Alguns chegam pela madrugada e não conseguem ser atendidos porque o número de senha já se esgotou", contou o produtor Luís Gonçalves. "É preciso tentar novamente no dia seguinte".

Nos dias de atendimento no início deste mês houve muitas reclamações por parte dos produtores rurais. Na cidade de Maracanaú, na Grande Fortaleza, o problema se repete. Um produtor da cidade de Pentecoste, que pediu para não ser identificado, disse que alguns agricultores precisam dar duas ou três viagens para conseguir obter o milho. "Isso traz prejuízo porque muitos vêm em carro alugado", explicou. "O programa é bom, tem preço reduzido que beneficia os produtores, mas a burocracia está prejudicando o andamento".

Após o cadastro, o produtor recebe um boleto para efetuar o pagamento no sistema bancário. Na maioria das vezes, não dá para receber o grão no mesmo dia, tendo que retornar ao armazém no dia seguinte. O que se observa na maioria dos escritórios da Conab no Interior do Estado é o reduzido número de funcionários para atender uma demanda sempre crescente. "Não é só entregar o milho, mas precisamos gerir o sistema de emissão de nota fiscal e realizar outros serviços internos", explica a gerente substituta em Iguatu, Lúcia Araújo. "Sabemos das reclamações e estamos tentando melhorar o atendimento".

O polo de Crateús foi beneficiado com a abertura de uma unidade de distribuição de milho em Tauá. O escritório firmou parceria com a Ematerce, Secretaria de Agricultura do Município e com a Federação das Associações de Moradores e de Produtores. "Dividimos o atendimento por cidades e por isso não temos reclamação quanto à demora para entrega do produto", disse o gerente do armazém regional da Conab, Josemar Martins. "Aqui a reclamação é por causa da falta de estoque de milho".

Atraso

A superintendência da Conab no Ceará não esperava que ocorresse a descontinuidade do programa. A estimativa do órgão era que, até o próximo dia 30, todos os armazéns estivessem com estoque regularizado. "A greve das transportadoras e o milho safrinha direcionado para a região Centro-Sul do País atrasaram a vinda do milho para o Ceará", explicou o superintendente regional substituto, Anastácio Fontelles. "A nossa expectativa é de que o milho comece a chegar até o fim da próxima semana".

Quanto às queixas por parte dos produtores rurais na demora da entrega do milho, Fonteles esclareceu que houve um aumento significativo na demanda. "Passamos de dez mil cadastros para trinta mil em um mês", disse. "A tendência é de crescimento e deve chegar a 80 mil produtores cadastrados por causa da seca", estimou.

Fontelles frisou que a Conab está realizando um planejamento para melhorar o atendimento nos armazéns do órgão e que há uma equipe de fiscalização para observar o andamento do serviço e colher sugestões.

"Estamos no primeiro mês de operacionalização do programa e a demanda foi superior à capacidade instalada, mas vamos enfrentar esse desafio e melhorar o atendimento", disse. "Remanejamos servidores, firmamos parcerias com outros órgãos e temos buscado apoio nos Municípios e no Estado", afirmou.

Na cidade de Iguatu, que é polo de distribuição para nove Municípios da Região Centro-Sul, são atendidos 50 produtores por dia

Alguns chegam pela madrugada e não conseguem pegar senhas porque a quantidade é insuficiente para a crescente demanda

Dificuldades

A Conab vai ampliar o número de polos de atendimento avançados. Hoje são dois: Tauá e Brejo Santo. "Enfrentamos um período de emergência que deve ser mais crítico em outubro e novembro e, por todas as dificuldades, não teremos um atendimento excelente, mas vamos melhorar", observou Fontelles. "Estamos também preocupados com o período eleitoral para evitarmos qualquer tipo de influência ou benefício no Interior".

No mercado, o preço da saca de 60 quilos do milho já chegou a R$ 40,00. Na Conab, o valor é reduzido e varia de acordo com a quantidade vendida. Os produtores têm direito a uma determinada quantidade segundo o plantel. Até três mil quilos, a saca de 60kg custa R$ 18,12; entre mil quilos e 7 mil quilos, custa R$ 21,00; já entre sete mil quilos e 14 mil quilos, custa R$ 24,60.

Mais informações:

Superintendência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Escritório no Ceará

Gerência de Operações

Telefone: (85) 3252. 1722

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