Nesta terça-feira (09), movimentos sociais do campo e organizações sindicais, tais como MST, MAB, MPA, MMC, Contag, Fetraf e CUT, manifestaram repúdio a pontos do texto que compõem a Medida Provisória 571/12 que trata do Código Florestal.
Uma carta foi enviada à presidenta Dilma Rousseff, onde as organizações pedem o veto à proposta que privilegia o agronegócio em detrimento do meio ambiente e dos pequenos agricultores.
“Da forma como está, o texto protege os latifundiários grileiros e especuladores, que nada produzem sobre a terra. A sociedade brasileira vê como única alternativa o veto da Presidenta a esses pontos que privilegiam o agronegócio, em detrimento da sustentabilidade ambiental e da produção da agricultura familiar e camponesa. Somente assim a Presidenta estará garantindo a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a defesa da democracia brasileira, gravemente ameaçada pelo poderio totalitário do agronegócio”, diz a carta.
A carta foi enviada, também, à Secretaria Geral da República e à Casa Civil.
O Código Florestal que está há três anos em discussão, só depende da homologação da presidenta Dilma.
Leia a carta na íntegra
À Excelentíssima Presidenta do Brasil
Senhora Dilma Vana Rousseff
Há três anos a sociedade brasileira vivencia uma das maiores afrontas às conquistas democráticas de nosso país: a tentativa do agronegócio de destruir o Código Florestal, para avançar com seu projeto ambicioso, que visa apenas lucros, promove o desmatamento e intoxica a natureza e os que nela vivem.
Tendo sob seu domínio a grande maioria do Congresso Nacional, por meio da poderosa bancada ruralista, o agronegócio transformou a legislação ambiental em legislação agrícola, voltada para garantir interesses próprios e de grandes proprietários de terra.
A sociedade brasileira, organizada ou não se manifestou incansavelmente contra os avanços do agronegócio sobre a natureza. Os movimentos sociais do campo e da cidade, a classe artística e parte significativa da classe política também se manifestaram contrariamente às pautas destrutivas do agronegócio, ao mesmo tempo em que defenderam o tratamento diferenciado para a agricultura familiar e camponesa. São os pequenos produtores que alimentam as famílias brasileiras e os que mais preservam o meio ambiente.
Após uma grande mobilização da sociedade brasileira, sensibilizada e ciente da necessidade de tomar decisões firmes, a excelentíssima Presidenta corretamente realizou vetos ao texto ruralista construído no Congresso. Para preencher o lugar dos artigos vetados, que tratavam justamente da recuperação de áreas desmatadas em beiras de rios e nascentes, o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional uma Medida Provisória.
Um dos eixos centrais desta MP era o tratamento diferenciado para a pequena propriedade, exigindo que os médios e grandes proprietários deste país recuperem as áreas que desmataram. O texto da MP, no entanto, foi modificado e aprovado na Câmara e no Senado, sob os aplausos veementes dos líderes ruralistas Kátia Abreu e Blairo Maggi. O agronegócio mais uma vez impôs seus interesses à formulação da Lei, estabelecendo que: Os benefícios para a pequena propriedade foram estendidos para a média propriedade, ou seja, até 15 módulos rurais (o que pode chegar a 1.500 hectares). Para esses médios, a área mínima de recuperação passou de 20 metros para apenas 15 metros;
· Para os grandes, a área mínima passou de 30 metros para 20 metros, além de o limite máximo ficar a critério de cada estado. Ou seja, o meio ambiente estará sujeito aos interesses políticos estaduais, mesmo tendo impactos sobre toda a sociedade brasileira;
· Se não bastasse a redução da área a ser recuperada em beiras de rios, o agronegócio também se valeu do benefício concedido aos pequenos produtores de poderem recuperar as áreas com até 50% de espécies frutíferas exóticas e expandiu essa possibilidade para as médias e grandes propriedades. Ou seja, onde deveria haver matas, haverá monocultivos com apelação econômica, ou seja, ao invés dos grandes proprietários de terra serem obrigados a recuperarem o que destruíram, serão beneficiados e certamente voltarão a agredir os remanescentes que sobraram.
· Mesmo com todo o discurso produtivista, o agronegócio retirou do texto a definição de área abandonada, e retirou a restrição para pousio (tempo de descanso da terra entre um cultivo e outro), que era de no máximo 25% da propriedade.
Da forma como está, o texto protege os latifundiários grileiros e especuladores, que nada produzem sobre a terra. As médias propriedades deveriam sim ser a extensão máxima permitida para proprietários no país, e estes, que se dizem produtores, são os mesmos que impedem a atualização dos índices de produtividade.
Diante de tamanhos retrocessos, nos direcionamos à Excelentíssima Presidenta reivindicando que mantenha seus compromissos de campanha de não anistiar desmatadores. A sociedade brasileira vê como única alternativa o veto da Presidenta a esses pontos que privilegiam o agronegócio, em detrimento da sustentabilidade ambiental e da produção da agricultura familiar e camponesa. Somente assim a Presidenta estará garantindo a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a defesa da democracia brasileira, gravemente ameaçada pelo poderio totalitário do agronegócio.
A sociedade brasileira mais uma vez se manifesta: VETA DILMA!
Assinam este documento:
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura - CONTAG
Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar - FETRAF
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra - MST
Movimento de Mulheres Camponesas - MMC
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
MST - EcoAgência
|
Pesquisar este blog
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Movimentos e organizações sociais do campo querem vetos à MP do Código Florestal
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Artigos
-
SINTRAF-TRAIRI/CE através de sua Coordenadora Maria Aurineide e demais menbros da entidade, participaram do evento do Pacto das Águas, à...
-
Banco d o Nordeste tem mais R$ 350 milhões para crédito emergencial no âmbito do FNE-Estiagem Prazo de contratações foi prorrogado para...
-
O Sindicato Dos Trabalhadores/As Da Agricultura Familiar - SINTRAF do Município de Trairí Filiada FETRAF-CEARA apoiado pela regional de It...
-
Critérios para ser beneficiário I- Residir em município em situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecido pelo Gover...
-
NUMERO ÚNICO: 01216-2010-008-16-00-6-RO RECORRENTE: SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE COROATÁ -MA Adv.:Dr (s). CARLOS...
-
A FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS NA AGRICULTURA FAMILIAR DO ESTADO DO CEARÁ - FETRAF-CEARÁ, esteve ontem reunida com dive...
-
09/01/2017 O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicou a decisão do deferimento do registro sindical no Diário Oficial da União (DO...
-
DAP - DECLARAÇÃO DE APTIDÃO AO PRONAF A DAP - Declaração de Aptidão do PRONAF é utilizada como instrumento de identificação do agricultor...
-
Lembra o caso dos dólares escondidos na cueca? Uma investigação obtida por ÉPOCA revela desvio de dinheiro envolvendo o mesmo banco – e o ...
-
A Superintendência Regional do INCRA no Ceará por meio d os componentes da equipe do Terra Sol no Incra/CE , servidores Clesson Monte ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário