quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Guimarães citado em conversas grampeadas por investigação de supostas fraudes na Cagece

O deputado federal José Guimarães (PT) é citado em conversas grampeadas dos suspeitos de integrar quadrilha acusada de fraudes e licitações em companhias de água e esgoto investigadas pela Operação Águas Claras. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo desta quarta-feira, 14, o parlamentar é chamado de “capitão cueca” e apontado como intermediador dos empresários da Allsan Engenharia e Administração com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), que mantém um contrato de R$ 8,94 milhões com a prestadora de serviço especializada na leitura de medidores.

Ainda de acordo com a reportagem, o deputado é chamado de “cueca” e “capitão cueca” nas conversas monitoradas dos empresários da Allsan.  A página 57 do relatório explica que "José Nobre Guimarães é deputado federal eleito pelo Partido dos Trabalhadores. O apelido ‘cueca’ está ligado ao seu nome face às denúncias que o envolvem no escândalo do flagrante da Polícia Federal conhecido por ‘dólares na cueca’ no ano de 2005".

Os telefonemas grampeados com autorização da 3ª Vara Criminal de Sorocaba revelam negociações dos empresários com o intuito de prorrogar contratos no Ceará, onde tiveram dificuldades e acabaram se aproximando de Antonio Alves Filho, o Cony, diretor comercial da Cagece, que teria sido indicado por Guimarães. A publicação diz que o deputado “nega categoricamente influências na empresa da água”.

Propina
Outro indício do envolvimento de Guimarães com a quadrilha é o suposto recebimento de R$ 100 milhões como propina citado nas ligações. “Por diversas vezes Reynaldo e Moisés (sócios da Allsan) citaram o pagamento de propinas ao deputado, alegando que o mesmo ‘ajuda’ nas negociações junto à Cagece, forçando a renovação do contrato", assinala o documento. Uma cópia do relatório deverá ser enviada ao Ministério Público do Ceará (MP-CE).

O texto traz ainda detalhes do encontro de Reynaldo e Moisés com o diretor comercial da Cagece e afirma que as reuniões continuam ocorrendo mensalmente. "O teor dos diálogos entre os investigados denota o possível recebimento de numerários (propinas) por parte de Cony para intermediar a favor da Allsan junto à Cagece para a prorrogação e aditamento do contrato de prestação de serviços de leitura e emissão de faturas junto à companhia estatal, tudo em face do poder de decisão que exerce em função do cargo ocupado", assinala.

Operação
A Operação Águas Claras tinha como alvo inicial o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae), mas no decorrer das investigações foi constatado que o grupo agia também no Ceará, Rio Grande do Sul, Piauí e no Distrito Federal. Na operação, devem ser cumpridos 18 mandados de prisão temporária e outros 25 mandados de busca e apreensão.

Segundo o MP, os preços eram superfaturados nos locais onde a quadrilha conseguia direcionar os contratos em favor dos seus membros. Quem arcava com os custos eram os consumidores. Onde o bando fracassava, as licitações assinadas tinham sensíveis reduções de valores. De acordo com o Ministério Público, a quadrilha se organizava em torno da "Associação Brasil Medição", com sede em São Paulo. A associação na verdade, ocultava reuniões secretas em que os negócios escusos do bando eram combinados.
Redação O POVO Online

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